Vida e Missão neste chão

Uma vida em Açailândia (MA), agora itinerante por todo o Brasil...
Tentando assumir os desafios e os sonhos das pessoas e da natureza que geme nas dores de um parto. Esse blog para partilhar a caminhada e levantar perguntas: o que significa missão hoje? Onde mora Deus?
Vamos dialogar sobre isso. Forte abraço!
E-mail: padredario@gmail.com; Twitter:
@dariocombo; Foto: Marcelo Cruz

mercoledì 17 giugno 2009

Vamos para outra margem!

Jesus convida os discípulos a desafiarem a cultura do tempo, mudarem a situação dada, atravessar as divisas e chegar ao outro lado do mar de Galileia, na Decápole, terra de estrangeiros. Para um hebreu misturar-se com os estrangeiros, pagãos da outra margem, significava contaminar-se e trair sua própria identidade.
Hoje também muitas divisas e barreiras limitam nossa visão e paralisam nossos gestos de amor: celebramos dia 20 de junho o Dia Mundial do Refugiado, mas ainda hoje muitos Países ditos 'desenvolvidos' levantam cercas para se protegerem dos estrangeiros, dizendo para eles “Voltem para sua margem!”.
Ao mesmo tempo, outras 'migrações' se fazem urgentes para nós e nossos estilos de vida: há anos gritamos que um outro mundo é possível, mas quantos de nós já entraram no barco para navegar efetivamente até a outra margem, outro modelo de vida e desenvolvimento, feito de economia solidária, pegadas leves no impacto ambiental, valorização da produção local, da cultura dos povos, da participação na gestão dos bens comuns?
Há uma outra margem econômica, cultural, política que nos espera, mas ainda a preguiça, o medo ou o interesse nos mantêm bem aquém daquilo que Deus aponta com paixão.
Muitas vezes a própria igreja parece mais um clube de amigos no solzinho da praia e deixa de enfrentar corajosamente a travessia e teimar na transformação...

É verdade que ir à outra margem custa, é perigoso e violento. Os discípulos sabem bem disso, seu medo é compreensível; hoje também o vento e a tempestade se lançam contra quem busca outras terras. Nessas últimas semanas, por exemplo, mais dois companheiros da luta pela terra no Pará tombaram, mortos pelos guardas do sistema, que não permite ultrapassar suas cercas. Honramos a fé de Raimundo Nonato, dirigente sindical, e de Luís, coordenador da Liga dos Camponeses Pobres: tentaram obedecer a Jesus e lutaram para o acesso à outra margem da história, onde todos tenham vida.

Muitas vezes nos sentimos impotentes frente às forças da morte, à máquina da propaganda oficial que esconde a verdade e celebra os injustos, a essa corrupção escancarada...
“Senhor, não te importa que morremos?!”
Em alguns momentos parece que até Deus fica distante e não abre caminho. Mas não temamos: quem tiver a coragem de subir nesse barco, vai fazer experiência de um Deus ao qual o vento e o mar obedecem, e mesmo no tormento da travessia, vai perceber na profundeza de sua existência uma grande calmaria, a paz de quem sabe de estar na caminhada certa.

Foto: http://www.flickr.com/photos/31598370@N08/2990595305/

martedì 16 giugno 2009

A beleza nos salvará












Ecos da tarde cultural na festa de São João Batista

Trabalho infantil, erosões, desemprego, filas nos postos de saúde, droga, assassinatos, batidas policiais e tiroteios cotidianos... no bairro do Jacu esses são alguns dos temas mais conversados pelo povo.
E a Paróquia, com o Centro de Defesa, resolve promover uma tarde cultural?! Mais um circo para distrair os sofredores das periferias? Não: dessa vez o espetáculo tem como protagonistas os próprios filhos e filhas dessa periferia!
Por mais de três horas crianças, adolescentes e jovens se alternam no palco e no pátio da igreja São João dançando a vida, mostrando que são capazes de beleza e arte, apesar do contexto em que vivem.
O padroeiro lá do alto abençoa e acompanha, as famílias numerosas permanecem até a noite nesse espaço de dignidade e esperança. Realmente a beleza nos salvará, quando ela vem dos pobres, quando é construída com suor e teimosia, quando é fruto de um trabalho de conjunto.
A Igreja de São João Batista compreende mais uma vez que as celebrações podem acontecer também na rua, nos ritmos da vida. O Centro de Defesa renova sua escolha: a cultura é um meio poderoso de conscientização e fortalecimento dos pequenos.
Mais um pedacinho de Reino de Deus está posto!